Ano Novo Andino

Na espera no nascimento do novo sol.

Para os moradores das ribeiras do Lago Titicaca, no dia 21 de junho, dia do solstício de inverno, termina o período de colheita ou ciclo de produção agrária, para começar o período de descanso da terra, e depois voltar a fecundá-la no novo ciclo de vida que será iniciado no mês de agosto, tempo preciso para comemorar o final e o reinício do novo tempo de vida da Pachamama, hoje conhecido como a chegada do “Pacha Kuti” ou “Ano Novo Andino”.


Tempo oportuno para que as autoridades, junto com os moradores, celebrem rituais de gratidão à Pachamama pelos frutos recebidos do seu ventre, o qual garantirá a vida de todo ser vivo.


Este acontecimento, especialmente nas cidades de Puno e Yunguyo, é preparado com muitos dias de antecedência, e se inicia em 20 de junho à noite quando se acende uma fogueira ritual que marca o início da vigília da Via Láctea, conhecida pelos moradores como o “Warawarani Jahuira” (Rio das Estrelas), onde os yatiris decifrarão os desígnios dos deuses fecundantes para o próximo ciclo de vida, evento que será desenvolvido na presença dos sicuris e da população, na espera no nascimento do novo sol.

 

Ano Novo Andino. Crédito: Carlos Fernández / El Comercio.


A festa do Pacha Kuti


A cerimônia principal começa no dia central, em 21 de junho, no morro Huajsapata, com a participação de várias agrupações, iniciando-se com o ritual de boas-vindas ao Qh’antati Ururi (luzeiro do amanhecer) rogando que não se canse de guiar os deuses pelo caminho do pai sol, para logo, com os primeiros raios do amanhecer, fazer uma oferenda aos deuses fecundantes da Pachamama, com a finalidade de que descansem e renovem as suas forças para o próximo período de vida, o ano que se inicia seja próspero, e que a harmonia e solidariedade reinem na comunidade. Uma vez terminados os rituais, o pai da comunidade, representado pelo prefeito da cidade, oferece uma wara (bufê) com todos os frutos recebidos do ventre da terra.


Quando isso se conclui, uma comitiva inicia a peregrinação para a cidade de Yunguyo, e por volta do meio dia começam os rituais para despedida ou amarrar o tempo que termina, e receber ou desatar o novo tempo que se inicia, com oferendas próprias e oferecimentos de danças mágico-religiosas que representam o diálogo constante entre o homem e a natureza.


O morador das ribeiras do Lago Titicaca, no meio de essas fastuosas cerimônias, pede simbolicamente a sua mãe terra, renovação e reciprocidade, porque para eles, a Pachamama é, até hoje, a deidade mais importante da sua cosmovisão?


Fonte: José Morales Serruto / Associação Nativa de Puno.

 

Ano Novo Andino. Crédito: Carlos Fernández / El Comercio.

    Recomendações

    - Experimente a deliciosa gastronomia local
    - Aproveite para fazer turismo pelos arredores

    año-nuevo-andino-interior